*Licenciada em Geografia pela UNIOESTE/Campus de Marechal Cândido Rondon. Mestranda do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Geografia – UNIOESTE/Francisco Beltrão. Linha de Pesquisa Educação e Ensino de Geografia.
Diante das turbulências vivenciadas pelos professores do Estado do Paraná neste ano de 2015, e agora, as dificuldades que ameaçam a continuidade do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), é com tristeza que escrevo este depoimento.
Sou pibidiana desde 2011, quando cursava, com muito sacrifício, o segundo ano de Licenciatura em Geografia. A intenção de ser professora sempre me acompanhou, apesar de ser uma profissão desvalorizada. Tenho a convicção de que os professores são os responsáveis pela formação de uma sociedade ativa, consciente do seu papel e menos alienada. Aliás, ouso dizer que sem professores não existiria o processo chamado de Educação e, por consequência, não existiria uma sociedade minimamente civilizada. Com a pretensão de participar deste desafio, me propus a cursar licenciatura.
Confesso que quando me atrevi a ingressar num curso de formação para professores, se quer conhecia de fato as complexidades desta profissão. Para tanto, o PIBID foi fundamental, visto que proporcionou meu primeiro contato com a escola enquanto futura professora. Neste momento foi possível apreender a profissão do magistério de forma concreta: no diálogo com os professores mais experientes, nas observações e participações em sala de aula, que nos propiciavam diálogos com os próprios alunos das escolas, no convívio com as práticas docentes (conselhos de classe, reuniões pedagógicas, elaboração de planos de aula e relatórios, desenvolvimento de artigos e pesquisas, participação em atividades culturais ou extracurriculares, etc.).
Todas estas atividades auxiliaram na formação da profissional que hoje sou. Atividades que não seriam possíveis de serem realizadas sem o incentivo do PIBID, somente com o Estágio Supervisionado presente na matriz curricular. Aliás, realizar esta etapa do curso foi mais fácil, visto que eu convivia diariamente com a escola, além de conseguir trabalhar por alguns meses como auxiliar no Projeto Mais Educação de uma das escolas integrantes do Programa (fato possível por meio do contato escolar promovido pelo PIBID).
Ao conviver no ambiente escolar, por meio da interação entre universidade e escola, ambos entendidos como espaços de formação, me apaixonei pela profissão e pelo ensino da Geografia. Poderia ter sido ao contrário, já que estava diante das práticas docentes diariamente, atividades que fazem com que você se perceba ou não enquanto professor ou professora.
Nesta fase de reconhecimento e amadurecimento, tanto profissional quanto pessoal, o PIBID foi essencial, dado que o programa favorece o estabelecimento de espaços para discussões, sejam elas teóricas ou narrativas. Além disso, foi por meio das práticas pedagógicas e atividades desenvolvidas no PIBID que aprendi com meus colegas a elaborar artigos e a fazer pesquisas, momentos riquíssimos da minha formação. Participar do PIBID me ensinou de fato o que é trabalhar em grupo e a importância que o espírito coletivo tem diante de qualquer desafio. Participar do PIBID de Geografia instigou meu posicionamento político diante das injustiças sociais. Me propiciou vivenciar a universidade, participando de reuniões, eventos e palestras. Participar do PIBID me possibilitou permanecer na universidade e me tornar professora.
Participar do PIBID me motivou a pesquisá-lo, na intenção de trazer contribuições para a manutenção deste programa educacional, o que me incentivou a realizar um curso de mestrado. Por fim, participar do PIBID não me permitiu abandoná-lo, e é por isso que até hoje estou envolvida com este programa, que somente trouxe benefícios para minha formação e de meus colegas que lutam por uma educação de qualidade.
Portanto, participo do PIBID há 4 anos, atualmente como colaboradora (voluntária), auxiliando os licenciandos em diversas atividades e apreendo diariamente com eles. Diante destes fatos, e da realidade que se encontra a educação brasileira, não encontro nenhuma justificativa louvável para que o programa tenha um fim, ou que seja diminuído seu potencial. Aliás, este procedimento estaria em desacordo com a legislação educacional, visto que o PIBID é amparado constitucionalmente pela Lei nº 9.394/1996 que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) que foi alterada pela Lei nº 12.796/2013 para dispor sobre a formação dos profissionais da educação.
Por meio do Decreto nº 6.755 de 29 de janeiro de 2009 o PIBID foi instituído como parte da Política Nacional de Formação de Profissionais do Magistério da Educação Básica, sendo fomentada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).
O Decreto nº 7.219/2010 que dispõe sobre as regulamentações do PIBID, o estabelece enquanto política pública de estado, e o Plano Nacional da Educação (PNE) prevê em sua meta 15 a garantia da política nacional de formação dos profissionais da educação como forma de valorização da profissão.
Por mudar de forma radical a vida pessoal e profissional de muitos professores e futuros professores, assim como a minha, a manutenção do PIBID é fundamental para formar novos profissionais do magistério com melhores índices de qualificação, contribuindo num futuro próximo para valorização da carreira docente e para melhoria da Educação Básica. Cabe ressaltar que o PIBID está atraindo novos estudantes para licenciatura, além de diminuir a evasão nestes cursos, o que se configura numa base central para diminuir a falta de professores no país.
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